14 de jun. de 2011

Fotos

Perguntaram qual era a minha foto preferida. Como assim? Impossível escolher só uma  foto, considerando que as fotos representam momentos especiais da nossa trajetória de vida. Eu não tenho um momento preferido, pois ao longo desses quarenta e cinco anos aconteceram tantas coisas importantes, marcantes e especiais que não dá nem para explicar.
Não sei se vocês concordam comigo, mas as fotos também representam momentos tristes. Claro que ninguém tira fotos quando esta deprimido, angustiado ou com algum outro sentimento ruim. Esses momentos nós queremos esquecer o mais rápido possível e de preferência nunca mais senti-los (ah doce ilusão...).
O que eu quero dizer é que em algumas fotos, apesar de o momento ser de festa, celebração ou alegria, a gente consegue identificar uma certa tristeza em um olhar, um certo ar de preocupação e uma postura de desânimo... É aquele sentimento que muitas vezes escondemos lá no fundo da nossa alma e tentamos nos enganar fingindo que está tudo muito bem. A foto pode enganar aos outros, mas não consegue enganar a nós mesmos.
Eu tenho fotos assim... Agora depois de muito tempo, já passado o sentimento ruim da época, eu consigo claramente identificar na minha expressão a tristeza que me consumia. Para qualquer outra pessoa eu estou feliz, brindando, dançando. Porém EU sei que por dentro eu estava chorando... Um choro manso, mas contínuo e que abriu algumas feridas no meu coração que, diga-se de passagem, estão curadas e com as cicatrizes bem sequinhas.
Bom, o motivo deste texto não é falar de tristeza, e sim de momentos felizes, emocionantes e inesquecíveis que foram traduzidos em imagens. Aquelas imagens que, toda vez que olhamos, sorrimos sem sentir e somos tomados por um sentimento de felicidade misturado com saudade.
Graças a Deus, para mim são muitos momentos assim!!! Então eu decidi eleger o primeiro momento desse tipo que viesse na minha cabeça. E a imagem que veio foi do Lago Moraine, no Parque Nacional de Banff,  na minha viagem ao Canadá em 2008 (ai, ai...).
Nessa viagem eu vi e tirei fotos de vários lugares maravilhosos, porém a foto desse lago conseguiu sintetizar com uma fidelidade impressionante o meu estado de espírito durante toda a  viagem.
Eu realmente não sei como, mas consegui captar um raio de sol refletindo na superfície do lago, que era de uma transparência absurda, a ponto de conseguirmos ver até o fundo, que era formado de pedras.
Você deve estar se perguntando o que essa imagem tem a ver comigo? Naquela viagem, TUDO!
É louco, mas me vi nesse lago... Eu estava sentindo uma paz interior, uma serenidade que eu nunca tinha experimentado antes. Esse sentimento me deixava refletir uma luz, um brilho que vinha de dentro de mim e que, através da minha fé, me fazia  conectar-me com Deus e consequentemente comigo mesma. Dessa forma eu transmitia toda a gratidão pelo merecimento de estar ali. As pedras no fundo do lago me fazem lembrar que, apesar do momento maravilhoso, os fantasmas, os problemas e aquele "lado negro" que todos nós temos continuavam a existir, porém estavam imobilizados e sem significado diante desse sentimento maravilhoso, que era maior do que tudo e todos. Eles estavam presos no "fundo" de mim...
A verdade é que eu estava em estado de graça e sentia a presença de Deus dentro e fora do meu ser.
Geralmente no dia a dia acontece exatamente o oposto: por causa dos milhares de problemas, tristezas e frustrações, nós paralisamos esse sentimento maravilhoso no fundo da nossa alma, a nossa superfície fica opaca, agitada e turva. O grande desafio é tentar libertar o "Lago Moraine" que, tenho certeza, existe dentro de cada um.


Rosane Liporace
14/06/2011

Leite Derramado

Cansei de pensar no leite derramado... Vou sair para viver!!! Rosane Liporace